domingo, 6 de novembro de 2016

Influências da cultura no Desenvolvimento Humano

   O tornar-se humano é um fenômeno que envolve aspectos biológicos, ambientais, históricos, políticos e culturais. Apenas com a estrutura orgânica não seria possível um ser com pensamento, linguagem e toda uma cultura edificada pelo comportamento humano; elemento esse que expressa tudo o que temos hoje. Foi necessário um suporte biológico em interação com um meio, o tempo histórico de apropriação por diferentes gerações de saberes e práticas, e o intercambio de pessoas em consenso ou disputa de projetos de sociedade. Em comum nas interações cotidianas, a cultura atua como mediadora no desenvolvimento de cada indivíduo e na manutenção ou transformação da sociedade, sendo necessário refletirmos sobre aspectos fortalecedores ou destrutivos da cultura.
   Ser alguém e estar em um mundo com uma determinada conjuntura política e social, reflete a influencia cultural transmitida por meio de palavras, conceitos e significados que são apropriados pelo sujeito na vida diária. A existência de uma prática, como passar 8h do dia no trabalho e ter sua vida norteada por esse fazer, só é possível por ter sido construído coletivamente pelas pessoas ao longo do tempo, em meio a concordâncias e disputas. 
   Como parte do desenvolvimento nós nos apropriamos de discursos e ações, que vão moldando o nosso ser e as nossas relações com o entorno. Não necessariamente apenas nos adaptamos a cultura dominante, mas também rompemos com o que é apresentado como dado e buscamos a partir do sentido que atribuímos, transformar a realidade (posicionamento político que possibilitou ao longo da história a superação de limites e estados de estagnação).


   Mesmo que a cultura seja um componente importante do desenvolvimento humano, que torna real o ser falante que somos, as estruturas mentais para lidar com a realidade tão adversa e a nossa sociabilidade que possibilita a construção de uma sociedade, não podemos pensá-la de forma neutra e desvinculada de interesses econômicos e de grupos sociais.
   No parágrafo anterior foi citado a adaptação a cultura dominante que em ultima instância é a cultura do capitalismo e de uma sociedade opressiva. Essa cultura tem a sua lógica de existência, seus valores, práticas sociais, verdades/mentiras, padrão de normal/anormal, referencia de beleza e etc. Elementos que influenciam o desenvolvimento humano e disputam no cotidiano a sua manutenção, sendo em elementos puramente abstrato, como no campo concreto, do se fazer-se alguém (identidade pessoal, pertencimento a grupo, valores e na biografia do sujeito). 
   Esse texto parte da tese de que a cultura dominante é destrutiva e representa o que há de mais podre na existência: desigualdade social; extrema vulnerabilidade econômica e de projeto de vida dos povos; uso inadequado e abusivo dos recursos naturais; valorização de comportamentos anti-sociais como individualismo e consumismo; e a própria violência cotidiana atingindo as pessoas.
  Viver implica termos consciência do mundo em que estamos e o significado por trás do que é mantido socialmente como normal. Com um olhar atento, identificar traços da cultura destrutiva em nossa vida. 
   E de tamanha importância também, identificar os elementos "positivos" da cultura que nos auxiliam em nosso desenvolvimento saudável, na luta pela superação de situação desumanas e na nossa realização enquanto gente, tendo como exemplo, a cooperação, interação social, altruísmo, democracia.
   E por fim, deixar registrado que esse texto é apenas um recorte pequeno de toda discussão sobre desenvolvimento humano e na própria linha de reflexão adotado, faltaria discorrer sobre o significado das palavras (que não é algo pronto e neutro), ficando para uma próxima ocasião.



Bibliográfia/Inspiração:

Ratner, C.  O que é psicologia da libertação? é psicologia cultural. In Psicologia Social para américa latina, Guzzo, R. S. L. & JR Lacerda, F. Editora Alínea. 2 edição. Campinas: 2011.



Rua Conceição
Michel Cabral

Um comentário:

  1. Parabéns Michel, excelente reflexão sobre o tornar-se humano nos dias de hoje, em meio a uma cultura que massifica e tende a tornar o homens menos homem e mais máquina. É preciso ter sabedoria e discernimento para não seguir o cordão do senso comum, e adotarmos um jeito próprio de encontrar nosso caminho na vida.

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