segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Protagonista da própria história

   A gente cresce, se desenvolve, aprende novas coisas e vai descobrindo e curtindo a vida no decorrer dos dias. Nos tornamos seres humanos na prática, e não na teoria; somos a soma do nosso passado, da influência da cultura, sociedade, família e amigos. Porém, com tanta "colaboração" para fomentar nossa subjetividade, de que forma somos sujeitos livres e protagonistas de nossa própria história?
   Por estarmos em evolução, não somos algo pronto e definido; temos a possibilidade de se fazer diferente a cada dia que se passa. Melhorarmos eticamente, aprimorarmos as nossas habilidades, crescermos profissionalmente e afinarmos o sentido da vida.
   É possível idealizar nosso jeito de ser, o formato de nossa personalidade, as características da nossa psique e o estilo de vida nosso. Mas idealizar é ficar nas ideias, nos pensamentos, no plano de ser. Sem ação, não há filme (no caso, o filme é a nossa vida que transcorre no agora e Ao Vivo). Praticar é essencial para ser.
   Mesmo fazendo acontecer, agindo, colocando a mão na massa, não é garantia de se tornar humano autenticamente. Pois por agir, os animais assim o fazem, exemplo é o pássaro que sai por aí destinado a encontrar comida pra sobreviver; mas como citado, destinado, sua herança genética determina seu ser, ele assim o fazia há 10 anos e passará fazendo assim com poucas variações ao longo do tempo. Nós humanos não, por atribuímos significado as coisas, podemos fazer diferente, de uma semana para outra, podemos por valor moral, opção nutritiva e estilo social mais adequado, passarmos do miojo, para um almoço com mais nutrientes. O pássaro continua há décadas, senão séculos, comendo insetos da mesma forma. 
   Fica a reflexão: em que medida nos comportamos por escolha, coerentes com nosso projeto de vida, agindo com mais autonomia e liberdade? 
   Outro ponto, se mudamos, digamos assim para melhor enquanto ser humano, melhorando nossa convivência com o outro, respeitando o planeta e a natureza, assim o fazemos por termos sido influenciados e até determinados pelas circunstâncias; ou conseguimos romper com os padrões sociais, com os códigos culturais, com o peso da sugestão familiar e dos amigos, e refletindo todos esses aspectos, nossa potencialidade e limite, o que queremos de forma imediata, médio e longo prazo, e o quanto isso eticamente colabora para um mundo melhor e afetivamente acrescenta nas relações?
   Duas realidades que podem ocorrer com o ser humano: ser espectador da própria vida, assistindo as coisas acontecerem e lamentando pela praga que lhe caiu ou pela sorte que lhe ocorreu; ou sendo protagonista, conseguindo elaborar as várias informações existenciais, refletir e assim intervir no mundo com mais consciência e responsável pela sua própria realidade e história. 
   Eis um desafio a ser pensado, mas acima de tudo, Vivido! 

Michel, Rua Conceição, Campinas/SP
Noite de chuva

Nenhum comentário:

Postar um comentário